
Eles são grandes, fortes e dominam diversas formas de trucidar um ser humano. Convenhamos, é uma combinação de assustar. Por alguns momentos, dá até para esquecer que são humanos. Mas o que acontece é que eles são. E sentem impacto de um momento decisivo como o deste sábado, na decisão do título dos pesos pesados no UFC 146, no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, a partir das 22h (de Brasília).
Nos últimos dias Junior Cigano, o atual campeão, e Frank Mir lutaram para controlar a ansiedade e os medos. Em lados opostos, concordam com o momento em que finalmente a ficha cai: quando entra o primeiro golpe.
- A última semana é a pior parte, porque você vê o seu oponente o tempo todo nesses eventos de promoção da luta. Mas é bom que fique um pouco ansioso. Quanto mais experiência eu tenho, mais confortável eu me sinto. Estou conseguindo me controlar melhor, mas sempre rola muita ansiedade. Principalmente no dia da luta. Não vejo a hora de entrar logo no octógono - analisou Cigano, em entrevista ao LANCENET! a poucos metros do homem com quem hoje vai disputar o título mundial.
Conhecido por suas frases de efeito no passado, Frank Mir, duas vezes campeão mundial dos pesados, não tenta bancar o durão. Mas, aos 33 anos, já sabe como o seu corpo funciona e não se assusta mais. Quando chegar ao octógono, as coisas vão se encaixar.
- É óbvio que estou nervoso. Muito! Na verdade precisei ir ao banheiro antes de vir para a entrevista. No dia da luta eu nem consigo engolir, a garganta fecha. Olho para quem diz que não fica nervoso e penso: “Seu mentiroso”. Mesmo quando a porta da jaula fecha, ainda não me sinto bem. Mas após o primeiro minuto a memória do treino volta e fica tudo bem - explica o americano.
O ápice da ansiedade acontece na entrada na caminhada para o octógono. O campeão sempre entra por último. Mir chegará primeiro e Cigano virá em seguida. O brasileiro prefere assim e espera que ao fim da luta continue dessa forma.
Duelo de estilos e cheiro de vingança
A luta deste sábado é um duelo de estilos. Cigano é conhecido por sua grande habilidade na trocação, nos golpes em pé, geralmente o forte dos americanos, por sua famosa escola de boxe. Mir é especialista no chão, nas finalizações, marca registrada dos brasileiros. O maior desafio, é saber quem vai impor o estilo da luta.
- Não me preocupo muito com o estilo do oponente. Tento trazer ele para o meu jogo. Estou confiante na minha estratégia, mas tenho planos A, B, C... - brinca Cigano.
Das suas oito vitórias no UFC, cinco foram por nocaute. E todas no primeiro assalto. Frank Mir, recordista de vitórias no UFC entre os pesados (14) é o lutador com mais vitórias por finalização na história do UFC, com oito (empatado com Nate Diaz e Kenny Florian).
O combate também trará um clima de vingança. Foi Mir quem quebrou o braço de Minotauro, mentor de Cigano, em uma finalização no fim do ano passado. O americano diz que não gostou de fazer isso, mas se precisar, fará de novo.
- Prefiro que o rival bata (desistindo, para que a luta seja paralisada). Mas se ele não bater, vou seguir apertando, pois quero vencer. Cigano procura não polemizar.
- Se eu vencer, vai ser bom para todos nós. Não quero vingar ninguém. Minotauro vai voltar e terá sua própria chance contra ele (Mir).
BATE-BOLA
Junior Cigano
Você e Mir conhecem muito o estilo do outro, se estudaram bastante nos últimos meses. É possível surpreender numa luta como essa?
Luta é luta, você nunca sabe como vai acabar. Costumo dizer que você pode treinar com o cara todo dia e ainda assim ser surpreendido. A gente monta uma estratégia, mas na hora muitas vezes é preciso improvisar. Eu confio muito nas minhas mãos e no meu poder de nocautear.
O Mir diz que prolongar a luta é bom para ele e ruim para você, por causa do seu estilo de nocautes rápidos. Como você vê isso?
Eu não preciso que a luta acabe rápido. Eu quero é ganhar e confio no meu estilo. O nocaute vem de bons golpes, de encaixar uma boa sequência. Aí depende mais até dele. Se ele me der essa oportunidade de encaixar rápido, o nocaute será rápido.